TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O CANABIDIOL (CBD)

Por Girls in Green

A cannabis é uma planta cheia de magia, e seus diferentes componentes têm sido pesquisados há anos por suas propriedades medicinais e terapêuticas. Um desses componentes é o canabidiol, conhecido também como CBD. Esse canabinoide traz inúmeros benefícios, e já é utilizado para tratar uma grande variedade de doenças e sintomas, tais como ansiedade, insônia e até mesmo epilepsia.

Ele é bastante procurado por se tratar de um canabinoide sem propriedades psicoativas – como é o caso do THC, famoso por provocar aquela brisa na galera. Mas também precisamos entender: como ele funciona de maneira isolada, e será que isso é realmente uma vantagem para o nosso corpo ou para a condição tratada? Qual a diferença entre os óleos de CBD e uma medicina full spectrum? O quanto do isolamento desse canabinoide tem a ver com o estigma aos usuários da planta?

Como funciona e para que serve o CBD?

Assim como tudo o que envolve a cannabis no nosso organismo, o segredo para a ação do CBD é o nosso sistema endocanabinoide. Seus efeitos são sentidos no corpo principalmente devido à sua atividade em dois receptores presentes no organismo, conhecidos como CB1 e CB2. O CB1 está localizado no cérebro e em todo o nosso sistema nervoso central, e está relacionado com a regulação da liberação de neurotransmissores e da atividade neuronal. Já o CB2 está presente nos órgãos linfóides, responsáveis pelas respostas inflamatórias e infecciosas.

Quando atua no receptor CB1, o CBD pode evitar a atividade neuronal excessiva, auxiliando no relaxamento e na redução dos sintomas associados com a ansiedade. Além disso, ele pode regular também a percepção de dor, a memória, a coordenação motora e a capacidade cognitiva. Já ao atuar sobre o receptor CB2, o canabidiol ajuda no processo de liberação de citocinas pelas células do sistema imunológico, diminuindo dores e inflamações.

Por conta de tudo isso, já existem muitas pesquisas e usos comprovados cientificamente, tais como:

Dores crônicas

Um dos efeitos mais comentados do CBD e da cannabis como um todo dentro da comunidade médica é o seu poder analgésico, que pode ajudar tanto em casos de dores agudas, como cólicas menstruais, como nas dores crônicas, causadas por doenças degenerativas ou outras enfermidades. Nos Estados Unidos, um estudo revelou que 62% das pessoas que procuraram a maconha medicinal usaram a erva para tratar desses desconfortos constantes. 

Nesse caso, de acordo com pesquisas, a planta age diretamente no nosso sistema endocanabinoide, da seguinte forma:

Como funciona o sistema endocanabinoide

Os nossos receptores endocanabinóides (CB1) se encontram espalhados em várias estruturas importantes para a dor no nosso cérebro, em áreas como o cinza periaquedutal, o núcleo do trigêmeo espinhal, a amígdala e os gânglios da base. Assim como eles, os receptores CB2, fora do sistema nervoso central, também estão ligados à supressão da dor. Assim, quando utilizada, a planta pode diminuir os sintomas e atenuar suas consequências em nosso corpo.

O CBD ainda possui propriedades anti inflamatórias que podem aliviar condições como colite e outras doenças autoimunes, artrite, neuro-inflamação e dor muscular ou articular.

Condições como insônia ou problemas no sono

As concentrações mais altas de CBD podem promover sonolência. O que as pesquisas mostram é que a cannabis é uma ferramenta extremamente eficaz para combater a insônia, tanto para conseguir adormecer como para se manter adormecido. A substância diminui a latência do sono e promove a fase N3, responsável pela sensação de descanso. 

Entretanto, também há estudos que mostram uma relação entre o consumo de cannabis com a diminuição do sono REM. Com a diminuição do sono REM, também temos um período de sono com menos sonhos – ou, pelo menos, mais improváveis.

Existem muitas teorias sobre o sono REM e seu papel no processamento de informações e emoções, mas ainda não está 100% clara a sua importância no nosso dia a dia – sujeitos que dormem noites sem REM não aparentam ter muitas sequelas a curto prazo além da perda dos sonhos mais vívidos. Além da cannabis, existem outras substâncias responsáveis pela privação do sono REM – como alguns antidepressivos, por exemplo.

Ansiedade

Uma pesquisa feita em 2017 com mais de nove mil americanos concluiu que 81% dos entrevistados acredita que a cannabis tem pelo menos um efeito positivo para a saúde. Dentre os principais destaques estão o alívio da ansiedade, do estresse e de sintomas relacionados à depressão. 

Enquanto o THC, quando em grandes quantidades, pode ser responsável pelo sentimento de paranoia, e, por consequência, ansiedade. Entretanto, por causa do efeito entourage (que já falamos aqui no blog), o CBD ajuda a suavizar os efeitos negativos do THC. 

É por isso que, quando se trata de cannabis com alto teor de THC, há uma coisa a considerar, com base em estudos: em doses mais baixas, a cannabis pode ajudar na ansiedade; em doses mais altas, pode piorar. Portanto, é importante que você escolha um tipo de cannabis  que conte com um balanço entre o THC e o CBD – strains que sejam 1:1 são uma ótima opção.

Epilepsia

Os endocanabinóides (canabinóides sintetizados normalmente no sistema nervoso central) têm um papel na diminuição da liberação de neurotransmissores excitatórios, prevenindo assim as convulsões. Eles atuam nos receptores CB1 e CB2, sendo os primeiros expressos por neurônios centrais e periféricos, enquanto os últimos são expressos principalmente por células do sistema imunológico, mas também são encontrados nas células cerebrais. 

A perda de ambos os tipos de receptores resulta em uma forma espontânea e mais grave de convulsões – por isso, a cannabis pode ser uma grande chave nesse tratamento.

São muitos os estudos que apoiam essas evidências. Nessa pesquisa, foi feita uma revisão de literatura sobre o assunto, que levanta várias descobertas sobre a ação dos canabinóides na prevenção de convulsões. Um dos primeiros, inclusive, foi feito em 1978 por Mechoulam e Carlini – brasileiro e pioneiro nos estudos sobre a cannabis terapêutica. Nele, quatro pessoas receberam uma dose de 200mg de CBD diariamente por três meses. Dois dos indivíduos tiveram uma melhora de 100% no caso, enquanto um teve melhora parcial e o quarto não apresentou reação significativa.

Em contraste, estudos mais recentes que incluíram mais de 100 participantes mostraram que o uso de CBD resultou em uma redução significativa na frequência das crises. Os efeitos adversos do CBD em geral parecem ser benignos, enquanto os efeitos adversos mais preocupantes (por exemplo, enzimas hepáticas elevadas) melhoram com o uso contínuo de CBD ou redução da dose.

Doenças neurodegenerativas

Aqui, vemos como ambos o CBD e THC são importantes! Como atuam nas mesmas vias neurológicas que a doença de Parkinson afeta, os canabinóides podem ser úteis no tratamento do distúrbio. Segundo este estudo, aspectos neuroprotetores podem ser induzidos pela exposição à cannabis, que pode render benefícios contra a degeneração nigroestriatal de pacientes com doença de Parkinson. Nele, foi demonstrado que a planta atenua os sinais e sintomas motores e não motores da doença.

Já no caso do Alzheimer, foi demonstrado que o THC e o CBD interferem na produção de matéria tóxica anormal no cérebro dos pacientes. Isso é muito empolgante, uma vez que as drogas sintéticas destinadas a fins semelhantes ainda não foram aprovadas em testes clínicos.

Tanto o THC quanto o CBD são conhecidos agentes neuroprotetores, que têm o potencial de desacelerar (ou até interromper) o processo degenerativo das células. No que diz respeito aos sintomas, o THC como agente único tem se mostrado benéfico em pacientes com Alzheimer, por reduzir a agitação noturna e melhorar o sono e o apetite. A observação de pacientes em lares de idosos na Califórnia também encontrou benefícios semelhantes. 

O CBD ainda pode ajudar pacientes de diferentes tipos de câncer, pessoas dentro do espectro autista e até mesmo quem deseja se livrar da acne.

CBD para pets e animais

Como já falamos aqui no blog, os pets também podem ser beneficiados por tratamentos com derivados da cannabis, já que grande parte dos animais possui um sistema endocanabinoide bastante parecido com o nosso.

O estudo “Farmacocinética: segurança e eficácia clínica do tratamento com canabidiol em cães com osteoartrite” mediu os efeitos de um determinado produto de canabidiol à base de cânhamo na dor e artrite em uma pequena amostra de cães. Os resultados foram notáveis: mais de 80% dos cães no estudo viram uma redução significativa na dor e tiveram a mobilidade melhorada. Outro estudo mais recente, de 2019, mostrou que o CBD também pode ser uma forma viável de tratamento para animais com episódios convulsivos.

A boa notícia é que vários veterinários têm adotado e prescrito o CBD pelos seus benefícios, e eles não são observados apenas em cães (mães e pais de gatos, estou falando com vocês). De acordo com a Dr. Angie, da Boulder Holistic Vet, os bichanos também podem ter melhora em diversos quadros clínicos e comportamentais com a ajuda da substância!

Possíveis efeitos colaterais

Os principais efeitos colaterais do CBD estão relacionados ao uso indevido do produto, sem orientação médica ou em concentrações muito altas. Quando utilizado dessa forma, pode causar:

  • Cansaço e sono excessivo;
  • Diarreia;
  • Alterações no apetite e no peso;
  • Irritabilidade;
  • Vômitos;
  • Problemas respiratórios. 

Em crianças, doses acima de 200 mg de canabidiol podem piorar os sintomas relacionados com a ansiedade, além de promover aumento dos ritmos cardíacos e alteração de humor.

Além disso, foi verificado ainda que o canabidiol pode interferir na atividade de uma enzima produzida pelo fígado que, dentre outras funções, é responsável pela desativação de alguns medicamentos e toxinas. Dessa forma, o CBD poderá afetar o efeitos de alguns medicamentos, assim como diminuir a capacidade do fígado para decompor e eliminar toxinas.

Mulheres grávidas, que estejam planejando a gestação ou que estejam em fase de amamentação devem ter cautela ao usar a substância. Isso porque foi verificado que o CBD pode ser encontrado do leite materno, além de poder ser transmitido para o feto durante a gestação, e ainda faltam pesquisas para entender de que forma isso pode afetar a criança ao longo do desenvolvimento e crescimento.

Publicação original: https://girlsingreen.net/blog/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-cbd

 

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