Por Cannabis & Saúde
Embora o Brasil esteja longe das primeiras posições entre os países com mais casos de esclerose múltipla por 100 mil habitantes, essa é uma condição médica que desperta grande preocupação por aqui.
Isso porque, na América Latina, só perdemos para a Argentina na prevalência, com 19 ocorrências por 100 mil habitantes, enquanto nossos vizinhos registram o dobro, 38.
Por outro lado, somos os líderes em números de casos entre os países latinos, com 40 mil pessoas acometidas pela doença, segundo o atlas da MS International Federation.
É praticamente o mesmo número de indivíduos que sofrem de câncer do cólon e reto, que atinge um pouco mais de 40 mil pessoas no Brasil, segundo o INCA.
Porém, diferentemente do câncer, a esclerose múltipla tem peculiaridades que pedem uma abordagem própria, afinal, ela não é passível de prevenção.
É nesse contexto que a Cannabis surge como uma esperança em termos de qualidade de vida para os que sofrem da enfermidade.
Neste conteúdo, você vai conhecer melhor como é feito o tratamento da esclerose múltipla com os compostos dessa planta, além de um panorama abrangente sobre essa doença.
Continue por aqui, informe-se e ajude a quem precisa.
Esclerose múltipla: o que é?
Esclerose múltipla (EM) é uma doença do tipo autoimune, ou seja, é uma condição em que as defesas do nosso corpo voltam-se contra o próprio organismo.
No caso da EM, os anticorpos passam a atacar o sistema nervoso central (SNC), destruindo a bainha de mielina que protege os neurônios.
Qual é a causa da esclerose múltipla?
A ciência continua avançando nas pesquisas sobre tratamentos, causas e formas de se diagnosticar a EM.
No entanto, ainda não é possível apontar com segurança o que ocasiona o seu desenvolvimento.
Entre as possibilidades mais aceitas pela comunidade científica, credita-se o surgimento da doença a fatores genéticos, vírus e até à falta de exposição ao sol.
Esse último critério de risco, a propósito, parece fazer sentido, já que nos países do Hemisfério Norte a prevalência da EM é bem maior.
A Alemanha é a recordista mundial nesse quesito, com 303 casos por 100 mil habitantes, de acordo com o já citado atlas mundial da MSIF.
Quais são os sintomas da esclerose múltipla?
A esclerose múltipla atinge o sistema nervoso central como um todo, mas, em geral, afeta particularmente os neurônios cerebrais, o nervo ótico e a medula espinhal.
Por isso, ela apresenta uma série de sintomas que prejudicam diretamente a coordenação motora, tais como:
- Fadiga intensa
- Depressão
- Fraqueza muscular
- Alteração do equilíbrio
- Dores articulares
- Disfunção intestinal e da bexiga
- Espasticidade (rigidez muscular).
Além desses sintomas, o paciente com EM pode desenvolver problemas de fala, passando a se expressar lentamente ou, ainda, apresentar tremor na voz ou fala arrastada.
Por atingir as terminações nervosas oculares, é comum também que pessoas com esclerose múltipla tenham diplopia (visão dupla) ou embaçamento visual.
No entanto, os sintomas mais frequentes são o cansaço extremo associado à debilidade ao andar e à fadiga incapacitante, agravada quando se realiza algum esforço mais intenso.
Como se inicia a esclerose múltipla?
É fato que a doença atinge com mais frequência indivíduos jovens, na faixa etária entre 20 e 40 anos, em especial mulheres.
Os primeiros sinais variam, podendo se apresentar na forma de ausência ou limitação de movimentos dos membros superiores e inferiores ou perda de visão.
Em muitos casos, o paciente com esclerose múltipla desenvolve neurite ótica, que se caracteriza por dores no fundo dos olhos, visão turva e a já destacada diplopia.
Há situações, ainda, em que o indivíduo começa a sentir formigamentos ou choques quando faz certos movimentos de cabeça.
Portanto, se você ou alguma pessoa conhecida apresentar esses sintomas de maneira recorrente, não deixe de procurar ajuda médica o quanto antes.
Quais são os tipos de esclerose múltipla?
A medicina tem catalogados três tipos de EM, classificados conforme os sintomas e a frequência com que eles se apresentam.
Veja quais são a seguir.
Esclerose múltipla primária progressiva (EMPP)
Na EMPP, não há os surtos típicos das outras modalidades de esclerose múltipla, no entanto, o paciente desenvolve sintomas e sequelas de forma progressiva.
Esclerose múltipla remitente recorrente (EMRR)
Tipo mais comum da EM, qualifica-se pela ocorrência de surtos súbitos e manifestações neurológicas típicas da doença, com duração de, pelo menos, 24 horas.
Em alguns casos, esses acessos duram dias ou semanas para, então, começarem a melhorar.
Os surtos podem se caracterizar por fraqueza repentina, dormência nos membros, perda de visão e problemas cognitivos.
Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP)
Na EMSP, o paciente sofre no começo com acessos e remissões.
Depois de um certo tempo, a doença progride e há uma lenta piora no quadro geral, mas essa decaída não é necessariamente acompanhada de novos surtos.
Quais são os fatores de riscos da EM?
Quando se fala em fatores de risco para a esclerose múltipla, o mais destacado deles é o baixo nível de vitamina D no organismo.
Embora essa relação fosse uma suspeita desde muito tempo, ela acabou confirmada em estudo liderado por Brent Richards da Universidade Canadense McGill.
A pesquisa Vitamin D and Risk of Multiple Sclerosis: A Mendelian Randomization Study, publicada na revista especializada PLOS Medicine em 2015, identificou o dobro de riscos de desenvolver EM por parte de indivíduos geneticamente com baixos níveis de vitamina D.
Além da genética e da falta de exposição à luz solar (fonte de vitamina D), possivelmente alguns vírus, como o da mononucleose, da varicela-zoster e os que estão na vacina da hepatite, podem levar uma pessoa a desenvolver esclerose múltipla.
No entanto, a ciência ainda não confirmou de forma definitiva se eles são realmente causadores da doença.
Há também evidências que sugerem que os desvios no sistema imunológico possam ter origem em disfunções hormonais.
Isso vale para o hormônio masculino (testosterona) e para os femininos (progesterona e estrogênio).
A propósito, acredita-se que a carga hormonal elevada em mulheres explique o fato de a EM ser mais comum em pacientes do sexo feminino.
Contudo, como a maioria das causas, essa hipótese ainda não foi totalmente confirmada.
Por fim, a esclerose múltipla também pode estar associada à etnia, já que é o número de pessoas caucasianas diagnosticadas é superior quando comparado ao das negras ou indígenas.
Esclerose múltipla: diagnóstico
A EM faz com que a mielina que protege os neurônios seja destruída, ocorrendo mais ou menos como em um fio elétrico depois de ser desencapado.
Sendo assim, a forma mais utilizada para o diagnóstico dessa doença é o exame de ressonância magnética (RM) para identificar lesões na medula, no cérebro ou em ambos.
De qualquer modo, há todo um protocolo clínico para se fazer essa análise, começando pela investigação do histórico clínico para saber se o paciente se enquadra no grupo de risco.
Caso o médico neurologista confirme essa hipótese, indica, então, a RM, que pode ser feita com ou sem contraste.
Também são feitos, de maneira complementar, exames de sangue e de neurofisiologia para avaliar a velocidade do trânsito dos impulsos elétricos no sistema nervoso central.
Qual é o exame para detectar a esclerose múltipla?
Outro exame prescrito é o de líquor, o líquido cefalorraquidiano.
Na maioria dos casos, pessoas com EM apresentam um traço nesse líquido que pode ajudar a confirmar a suspeita da doença.
Todo esse contexto só evidencia o quanto pode ser complexo e trabalhoso o diagnóstico da esclerose múltipla.
Afinal, ela não se manifesta de forma idêntica nas pessoas e, consequentemente, demanda uma abordagem individualizada para a prescrição do tratamento adequado.
Cabe ressaltar, ainda, que a EM é incurável.
Ou seja, só é possível amenizar ou controlar a doença, que pode voltar caso o paciente abandone o tratamento ou deixe de seguir as orientações médicas.
Esclerose múltipla: tratamentos tradicionais
Mesmo incurável, existem tratamentos para a EM que trazem considerável alívio em relação às dores e aos problemas de coordenação motora que ela causa.
Desse modo, os pacientes podem recuperar a qualidade de vida ao retardar ou até impedir por completo o avanço da doença.
Em boa parte dos casos, os médicos prescrevem medicamentos específicos para conter os processos inflamatórios.
Podem ser indicados, ainda, antidepressivos, relaxantes musculares e outros fármacos que ajudem a controlar problemas de incontinência urinária ou que auxiliem no trato intestinal.
Para os casos mais severos, em que o paciente perde os movimentos ou tem a sua mobilidade reduzida, a fisioterapia também costuma prescrita.
Paralelamente aos tratamentos, o médico pode indicar medidas adicionais de controle, como exercícios físicos, dieta balanceada ou até evitar a exposição ao calor em excesso.
Tratamento de EM com Cannabis: como funciona?
Em virtude do seu elevado potencial terapêutico, os extratos das plantas do gênero Cannabis vêm sendo cada vez mais indicados nos tratamentos contra a esclerose múltipla.
Entre as razões para tal está a propriedade neuroprotetora dos canabinoides retirados dela, com especial destaque para o canabidiol (CBD).
Isso faz com que os medicamentos à base dessa substância reduzam os processos neurodegenerativos típicos da EM, impedindo-a de progredir.
Além disso, sua ação analgésica é uma poderosa aliada no tratamento da dor neuropática.
Mais um aspecto que faz dos canabinoides uma boa alternativa é o fato de ajudarem a equilibrar o humor, já que alguns pacientes com esclerose múltipla passam a sofrer de depressão e outros transtornos mentais.
Destaque também para o seu efeito antiinflamatório, já que o CBD promove a redução na produção de citocinas e limita a ativação das células de micróglia no sistema nervoso central, o que leva ao retardamento no padrão evolutivo da doença.
Por último, mas não menos importante, o canabidiol vem sendo empregado com êxito para tratar da espasticidade associada à doença.
Quais são os benefícios do CBD no tratamento da esclerose múltipla?
O CBD vem revelando outras vantagens que estão fazendo com que ele seja cada vez mais prescrito.
A principal delas é a ausência ou a redução significativa dos efeitos adversos associados aos fármacos tradicionais.
Afinal, a lista dessas reações é bem longa e, em alguns casos, pode tornar o tratamento inviável.
Remédios tradicionalmente utilizados podem causar diarreia, tosse, dor de cabeça ou dor nas costas.
Nada disso acontece quando se administra o CBD, embora seja sempre bom relembrar que a ciência ainda precisa de mais evidências a respeito da sua forma de agir no organismo.
Quando procurar um médico para tratamento com Cannabis?
Apesar das reações adversas em potencial, é praxe que os médicos prescrevam fármacos convencionais em um primeiro momento para tratar da EM.
No entanto, há casos em que essa medicação não apresenta ação duradoura, além do alto risco de gerar efeitos colaterais, alguns bastante severos, como vimos.
Outro fator que tornam os tratamentos com remédios comuns menos atrativos é que, com o tempo, é possível que a carga de medicamentos aumente de maneira exagerada.
Em quaisquer desses casos, uma alternativa é buscar ajuda profissional para dar início ao tratamento com a Cannabis medicinal.
Outro motivo para isso são os relatos emocionantes de pessoas que escaparam da morte dada como certa pelos médicos depois de serem diagnosticadas com esclerose múltipla, como veremos a seguir.
Para encontrar um médico prescritor, acesse este link e agende uma consulta.
Casos de pacientes de EM que fizeram tratamento com Cannabis
Imagine que, aos 26 anos, de forma súbita, você perde todos os movimentos do corpo do pescoço para baixo.
Foi isso que aconteceu com o designer Gilberto Castro, que, por causa da esclerose múltipla, teve uma paralisia que o levou à cadeira de rodas.
Ao ter o primeiro surto da doença, ele foi ao médico que, ao diagnosticá-la, sentenciou que teria apenas mais cinco anos de sobrevida.
Depois de se frustrar com as opções apresentadas e os diversos efeitos colaterais da medicação prescrita, Gilberto resolveu procurar saber mais sobre a Cannabis.
Ele estava tão decidido que passou, inclusive, a cultivar a planta para extrair seus próprios óleos, ainda que sem autorização da justiça.
Hoje, ele tem a doença controlada, abandonou a cadeira de rodas e aqueles cinco anos de expectativa de vida iniciais foram prolongados para mais de 20.
Conheça melhor essa incrível história de superação contada aqui, no portal Cannabis & Saúde.
Conclusão
Tudo indica que, com o tempo, a Cannabis medicinal será uma solução cada vez mais prescrita por médicos no tratamento da esclerose múltipla.
Mas, até que esse dia chegue, é preciso avançar em termos legislativos, de maneira a aumentar as possibilidades de uso do CBD no Brasil.
Para tanto, é fundamental educar e conscientizar a população e a comunidade médica a respeito dos benefícios dos canabinóides.
Leia os artigos publicados no portal Cannabis & Saúde e fique sempre bem informado acerca de o que há de mais moderno em relação aos últimos avanços científicos.
Com esse conhecimento, você se sentirá mais seguro e confiante para conversar com seu médico e argumentar em favor desse tratamento alternativo e eficaz.
Publicação original: https://www.cannabisesaude.com.br/esclerose-multipla/amp/