Por Cannabis & Saúde em 15/09/2022
A nutróloga Patricia Savoi explicou quais alimentos agem junto com Cannabis no nosso organismo e podem nos trazer diversos benefícios
Tudo aquilo que ingerimos afeta diretamente todos os sistemas do nosso organismo, inclusive o sistema endocanabinoide (SEC). Assim, uma alimentação direcionada para o bom funcionamento do SEC contribui para o bom funcionamento do corpo de uma forma geral.
Especiarias contribuem para o bom funcionamento do sistema endocanabinoide
Como ajudar o sistema endocanabinoide pela alimentação
Se tivermos uma alimentação desequilibrada, rica em gorduras saturadas e açúcares, isso vai trazer efeitos negativos para o nosso corpo e, consequentemente, para o sistema endocanabinoide. Segundo estudo, os ácidos graxos influenciam no sistema endocanabinoide e também no metabolismo. A Dra. Patricia explicou para a gente quais alimentos contribuem para o bom funcionamento do SEC:
“Estudos demonstram que uma dieta rica em ácidos graxos (como ômega 3 e 6), por exemplo, desempenha um papel importante no controle da inflamação, do estresse oxidativo e do sistema endocanabinoide. Um bom exemplo disso é a dieta mediterrânea que em sua composição possui alimentos excelentes para o sistema endocanabinoide, por serem ricos em ômegas e em gorduras polinsaturadas. Alguns alimentos dessa dieta que contribuem para o bom funcionamento do SEC (e de todo o organismo) são:
- Especiarias: pimenta preta, lúpulo, orégano, cravo, valeriana, sálvia, alecrim, manjericão;
- Verduras: brócolis, repolho, couve-flor, rabanete, salsa, cebola, aipo, tomate, vegetais de
- folhas verdes;
- Frutas: laranja, maçã, morango e uva;
- Leguminosas: grão de bico, feijão, lentilhas;
- Castanhas: nozes, castanha do pará;
- Cereais: aveia, quinoa, pães integrais, arroz integral;
- Frutos do mar: além de vários tipos de peixes, também mariscos, camarões e algas;
- Azeites de oliva e sementes de cânhamo”
Alimentos com fitocanabinoides
Uma outra forma de influenciar o sistema endocanabinoide pela alimentação é consumindo vegetais que produzem moléculas semelhantes aos fitocanabinoides da Cannabis. A Dra. Patricia recomendou outras plantas que também modulam o SEC no nosso corpo.
“É certo que a cannabis produz mais de 100 canabinoides. No entanto, há outras plantas que também produzem membros desta família química. Eis algumas das mais populares, mas pouco conhecidas no Brasil:
- Trufas: possuem anandamida (se conecta aos receptores CB1, CB2)
- Echinacea: possui alcamida (se conecta ao receptor CB2)
- Maca peruana: possui macamida (se conecta ao receptor CB1)
- Kava: possui yangonina (se conecta ao receptor CB1)
- Malagueta: possui capsaicina (TRPV1, receptor associado à neuroproteção)
- Pimenta preta: possui piperina (TRPV1)
- Gengibre: possui gingerol e zingerona (TRPV1)
- Cacau: possui N-oleoletanolamina e N-linoleoiletanolamina (inibe a FAAH, enzima que deteriora a anandamida)”
É seguro comer Cannabis?
Ao longo da história, a Cannabis foi consumida oralmente por várias culturas. Geralmente, com objetivos medicinais ou ritualísticos. No entanto, é importante termos cuidados com os produtos comestíveis com canabinoides, principalmente quanto à dose.
Além disso, existem outras formas de comer Cannabis, utilizando outras partes da planta, como as sementes, as folhas, hastes e caules da planta. Porém, como lembrou a Dra. Patricia, não é permitido o consumo dessas partes da erva aqui no Brasil.
“Embora você possa comer cannabis “crua”, ela não terá o mesmo efeito que consumir produtos à base de cannabis. A cannabis crua contém ácido tetrahidrocanabinólico (THCA) e ácido canabidiólico (CBDA), compostos que devem ser expostos ao calor para se transformar nas formas ativas, tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD). Portanto, comer cannabis crua não resultará nos mesmos efeitos que consumir cannabis aquecida, como em produtos comestíveis como doces, tinturas e assados.
As hastes e caules da erva podem ser usadas secando-as e triturando para uso em panificação ou chás, até mesmo em preparações de sucos e suplementos. Temos muito difundido atualmente o uso de proteína de cânhamo também, principalmente, através dos vegetarianos. As sementes de cânhamo são ótimas para serem adicionadas à dieta e proporcionar os nutrientes necessários para o bom funcionamento do sistema endocanabinoide.
No entanto, no Brasil não podemos recomendar essa forma de consumo.”
Comestíveis de Cannabis podem conter CBD ou THC
Nutrologia e Cannabis
A nutrologia é uma especialização da medicina que é a responsável por diagnosticar problemas relacionados à alimentação e absorção de nutrientes. Nessa especialidade, a Cannabis é uma grande aliada ajudando a mudar hábitos alimentares e a tratar patologias do sistema digestivo.
Pensando no bem-estar geral de uma pessoa, a alimentação tem papel imprescindível. Então, na prática da medicina integrativa, o nutrólogo é uma figura que tem papel central no tratamento de diversas patologias.
Quem pode se tratar com a nutrologia aliada à Cannabis
Primeiramente, a atuação da nutrologia é muito ampla e acontece em colaboração com outras áreas da medicina, visando o bem-estar do paciente. Por isso, não apenas distúrbios alimentares podem ser tratados pelo nutrólogo, qualquer condição pode se beneficiar. A Dra. Patricia apresentou o repertório que a Nutrologia pode ajudar a tratar:
“A Nutrologia é muito ampla e atualmente temos conexão com diversas outras especialidades. Eu atendo pacientes com Esclerose Múltipla, para melhoras perfil inflamatório e alimentação em uso de Cannabis; pacientes com doenças neurodegenerativas em fases iniciais; pacientes oncológicos também se beneficiam em diversos aspectos como dor, insônia, ansiedade e náuseas; obesidade, ansiedade, compulsão alimentar, algumas patologias autoimunes, fibromialgia entre outras.”
Publicação original: https://www.cannabisesaude.com.br/nutrologia-alimentacao-e-cannabis/