Síndrome de Down: Canabidiol pode ser alternativa no tratamento

Por Cannabis & Saúde

O que é a síndrome de Down?

Cabe ressaltar que a síndrome de Down, embora seja catalogada na CID 10 com o código Q90, não é considerada uma doença, em si, mas uma condição.

Ela foi identificada em 1862 pelo médico britânico John Langdon Down.

Se levarmos em conta que pessoas com a síndrome podem ter uma vida normal, a despeito de algumas limitações, é totalmente válido pensar assim.

Nesse aspecto, também cabe destacar o entendimento jurídico a respeito da capacidade civil dos indivíduos com Down.

Ela está prevista na Lei Nº 13.146/2015, mais conhecida como Lei Brasileira de Inclusão, ou Estatuto da Pessoa com Deficiência.

A lei é bastante clara em determinar que todos que tenham algum tipo de condição ou síndrome têm direito à vida, à saúde e à educação como qualquer cidadão.

Vale, inclusive, citar o artigo 6º dessa lei, segundo o qual:

“A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:

I – casar-se e constituir união estável;

II – exercer direitos sexuais e reprodutivos;

III – exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;

IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;

V – exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária;

VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.”

Quais são as características da síndrome de Down?

A síndrome de Down, como vimos, é causada pela trissomia do cromossomo 21.

Ou seja, em vez de ele se apresentar em par, como os outros cromossomos, nas pessoas com Down, ele é formado por três fitas.

Isso faz com que os portadores desse tipo de aneuploidia tenham características físicas peculiares, como:

Olhos amendoados

Boca pequena e língua grande e protuberante

Rosto arredondado

Pescoço curto e mais largo

Mãos e pés pequenos

Baixa estatura.

Além disso, há alguns sintomas associados, cuja intensidade e forma de se manifestar podem variar de uma pessoa para outra:

Falta de força muscular (hipotonicidade)

Problemas motores

Deficiência intelectual

Problemas de respiração, fala, visão e audição

Distúrbios do sono

Distúrbios da tireoide

Obesidade

Maior propensão a ter doenças como Alzheimer, leucemia, diabetes e cardiopatia congênita.

Em geral, a expectativa de vida para quem tem Down é um pouco menor do que a média.

Porém, como você viu, os avanços da medicina já permitem que indivíduos com a síndrome cheguem aos 60 anos de idade ou mais.

Quais são os tipos de síndrome de Down?

A síndrome de Down é a única anomalia cromossômica que não incapacita ou tira funções vitais da pessoa portadora.

Embora esteja associada a alguns transtornos de saúde, ela não é como a síndrome de Edwards (trissomia do 18), na qual a criança nasce com graves problemas cardíacos, renais e de visão.

No entanto, a trissomia do 21 pode se apresentar em algumas variações, as quais são detectadas pelo exame de cariótipo (cariograma), também usado para determinar o grau de risco de um casal ter um filho portador da condição.

Veja, a seguir, os três tipos de síndrome de Down já identificados pela medicina.

Trissomia simples

Manifestação mais comum da síndrome de Down, em que apenas o cromossomo 21 se apresenta triplicado.

Estima-se que cerca de 95% dos casos sejam de pessoas com esse tipo de mutação cromossômica.

Mosaicismo

Já o mosaicismo é mais raro, sendo prevalente em cerca de 1% dos casos.

Nele, a triplicação do cromossomo 21 não atinge todas as células, levando a pessoa a ter, em algumas delas, 46 cromossomos e, em outras, os 47 que caracterizam a síndrome de Down.

Translocação

Por sua vez, na translocação, o cromossomo 21 triplicado pode gerar uma fita a mais, que se liga a outro cromossomo, em geral o 14.

Diferentemente dos outros tipos de Down, este pode ser herdado, além de também ter origem casual.

Como o canabidiol pode ser usado no tratamento?

Vimos que as pessoas portadoras de síndrome de Down podem apresentar algum nível de atraso em seu desenvolvimento intelectual.

Nesse sentido, a ciência pode estar perto de confirmar o uso do canabidiol (CBD) para impedir esse atraso ou, pelo menos, minimizar seus danos.

Vale destacar uma pesquisa liderada pelo Dr. Andrés Ozaita, da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.

No estudo, realizado com ratos de laboratório, foi testado o funcionamento do sistema endocanabinoide, uma possível causa dos déficits cognitivos em pessoas com Down.

Os pesquisadores descobriram que os pacientes com a condição apresentam déficits acentuados na memória na região cerebral conhecida como hipocampo.

Nos testes realizados, os roedores usados como cobaias exibiram uma superexpressão de receptores canabinóides do tipo CB1.

Com isso, os neurônios inibitórios acabaram prevalecendo sobre os excitatórios, o que poderia desequilibrar o funcionamento do cérebro.

Portanto, o CBD seria um importante aliado para restaurar esse equilíbrio, ajudando portadores de síndrome de Down a melhorar sua capacidade cognitiva.

Quais propriedades terapêuticas do canabidiol auxiliam no tratamento?

Não é por acaso que o CBD pode ser eficaz para auxiliar pessoas com Down a restaurar a cognição.

Isso é possível em parte porque essa substância tem uma série de propriedades terapêuticas que ajudam a restabelecer a homeostase.

Além disso, o canabidiol é reconhecido por ser um neuroprotetor eficaz, com especial destaque no tratamento de doenças como a epilepsia.

No entanto, para pessoas com Down, parece que a contribuição do CBD é mesmo no sentido de restaurar as funções do sistema endocanabinoide.

Esse sistema tem como papel regular o equilíbrio das atividades orgânicas, atuando por meio dos receptores CB1 e CB2 e dos endocanabinoides anandamida e 2-AG.

Quando ingerimos fitocanabinoides como o CBD, “turbinamos” as células em que tais receptores estão presentes, melhorando sua capacidade.

Há efeitos colaterais para o uso do canabidiol?

O canabidiol vem sendo cada vez mais indicado por ser eficaz e por apresentar raros efeitos adversos.

A respeito disso, é válido citar a pesquisa liderada pelos alemães Kerstin Iffland e Franjo Grotenhermen.

Depois de testes em animais, eles apontaram para a segurança do CBD, que pode ser confirmada de diversas formas, apesar de mais estudos serem necessários.

Na pesquisa, foram testados os efeitos colaterais do canabidiol no tratamento de várias doenças, entre as quais estão o Parkinson e o Huntington.

Em ambas, não foram percebidas reações adversas, bem como em outros grupos submetidos a testes.

Outro estudo sobre os efeitos colaterais do CBD que merece ser destacado é o de autoria de um grupo de cientistas norte-americanos e italianos.

Nesse caso, a conclusão a que os pesquisadores chegaram é de que as reações adversas vão depender mais da potência do óleo usado e da interação do CBD com outros medicamentos e substâncias.

Síndrome de Down: benefícios do tratamento com canabidiol

Por tudo o que você acabou de conhecer, fica difícil discordar de que o CBD pode ser um poderoso aliado para as pessoas com síndrome de Down.

Nesse caso, ele é indicado para ajudar a melhorar as capacidades cognitivas, geralmente prejudicadas nos indivíduos com essa condição.

Além da eficácia, o canabidiol se mostra ainda um medicamento seguro, com raros efeitos adversos.

Essa é uma característica que o torna até mais recomendado do que os antidepressivos e ansiolíticos normalmente prescritos, os quais, em geral, trazem riscos com o uso prolongado.

Isso sem falar que o CBD é, via de regra, muito bem tolerado até mesmo por pessoas que sofrem de doenças graves e incapacitantes.

publicação original: https://www.cannabisesaude.com.br/sindrome-down-canabidiol-cbd/amp/

 

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