Pesquisadores testaram o impacto da Cannabis medicinal, mesmo com a presença de THC, e não encontraram efeitos neurocognitivos e psicomotores que prejudiquem na direção
O Código Brasileiro de Trânsito Brasileiro (CTB) equipara a Cannabis ao álcool em suas proibições e penas. De acordo com o artigo 165, quem for testado positivo para THC sangue está sujeito à multa, suspensão do direito de dirigir, recolhimento da carteira de motorista e retenção do veículo.
A punição vai além, já que o artigo 306 prevê ainda pena de seis meses a três anos de prisão, por “conduzir o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”.
Um novo estudo, realizado por pesquisadores do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Berna, na Suíça, demonstra que essas leis deveriam ser revistas, conforme cresce o número de pacientes com prescrição de Cannabis medicinal.
De janeiro a 11 de novembro deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Saúde) recebeu 33.793 pedidos para importar medicamentos à base de Cannabis, superando as 19.120 solicitações registradas em todo o ano de 2020. Um crescimento de 554%.
Dessa forma, um número grande de pacientes vive sob o risco de encarar o rigor da lei por se beneficiar de tratamento com um medicamento obtido de forma legal.
A Cannabis medicinal prejudica a direção?
De acordo com o estudo recém publicado na Forensic Sciences Research, o consumo de Cannabis predominante em canabidiol não influencia o tempo de reação, concentração, percepção do tempo ou outras habilidades associadas à direção.
Para chegar à conclusão, reuniram um grupo de participantes de participantes aos quais foram administrados, aleatoriamente e em igual número, placebo e Cannabis dominante em CBD (16,6% de CBD e 0,9% de THC) antes de realizar uma variedade de testes neurocognitivos e psicomotores.
Em ambos os casos, os resultados dos testes foram semelhantes. “A avaliação psicológica do trânsito com três testes padronizados e validados mostrou que não houve diferenças significativas entre fumar maconha rica em CBD e placebo no tempo de reação, tempo motor, comportamento sob estresse ou concentração”, escreveram os pesquisadores. “Além disso, os testes de equilíbrio e coordenação não indicaram diferenças significativas.”
“Até onde sabemos, este é um dos primeiros estudos a investigar o impacto potencial de fumar maconha rica em CBD na segurança no trânsito.”
Efeito CBD
Pesquisas já demonstraram que o CBD, tem capacidade de anular o efeito euforizante do THC, mesmo quando administrado em iguais proporções. Medicamentos que contém os dois principais canabinóides, assim como todos os mais de cem compostos químicos presentes na planta, já demonstraram colhem mais benefícios do tratamento, por meio do chamado efeito entourage, também chamado de efeito comitiva.
“Embora nenhum sintoma de deficiência tenha sido observado, é recomendado que os consumidores evitem dirigir por várias horas após fumar maconha rica em CBD, pois os limites legais de concentração de THC podem ser excedidos”, finalizaram os cientistas.
Publicação original: https://www.cannabisesaude.com.br/cannabis-medicinal-direcao-estudo/amp/