Por Kayamind em 20/11/2022
Em 2022, o evento acontece em um país com regras rígidas sobre o uso de cannabis. Entenda como as seleções favoritas se posicionam a respeito da planta e como os atletas poderiam se beneficiar se o uso de CBD fosse permitido
No dia 20 de novembro, começa a Copa do Mundo de 2022, no Catar. Mas, diferente de outras competições esportivas, nessa a cannabis medicinal (e qualquer outro uso da planta) não tem lugar. Afinal, o país do Oriente Médio tem uma série de restrições às quais os visitantes devem ficar atentos: o uso de drogas pode gerar penalidades severas, como prisão, multa e expulsão do país, contanto que é recomendado que tratamentos médicos sejam verificados se estão de acordo com a lei do país.
Ainda assim, é importante saber quais países que participarão do evento já permitem o uso da planta, bem como entender de que forma o seu consumo medicinal poderia beneficiar os atletas de futebol durante a competição caso fosse permitido no Catar.
Como os países favoritos da Copa do Mundo se posicionam sobre a cannabis?
A Copa do Mundo de 2022 reunirá 32 seleções para levantar a taça da Fifa. Dessas, três tem sido as favoritas de acordo com sites de aposta: Brasil, Argentina e França. Mas, além desses países, outros cinco ganham destaque: Alemanha, Inglaterra, Espanha, Portugal e Holanda.
Entre essas nações, todas têm alguma regulamentação em relação à cannabis. O Brasil, por exemplo, já permite o uso medicinal da planta, seja por via de importação, farmácias ou associações, mas ainda é o mais atrasado em relação aos outros mencionados acima. Veja as regulamentações dos outros países:
Argentina
Uso medicinal: regulamentado, mediante prescrição médica, e auto cultivo autorizado.
Uso adulto: descriminalizado, posse permitida com delimitação de quantidade.
Cânhamo: permitido para fins medicinais e industriais.
França
Uso medicinal: permitido cultivo e comércio para produtos com CBD.
Uso adulto: descriminalizado, com penalização por meio de sanções.
Cânhamo: cultivo para fins medicinais e industriais legalizado.
Alemanha
Uso medicinal: cultivo, comércio e importação para esse objetivo é legalizado, mas o acesso é permitido mediante prescrição e em casos de doenças graves.
Uso adulto: descriminalizado, mas, em 2022, apresentou proposta para a legalização desse tipo de consumo e pode se tornar o 2º país da Europa a realizar o feito.
Cânhamo: cultivo legalizado quando são sementes certificadas e autorizadas, alguns produtos industriais podem ser vendidos no país.
Inglaterra
Uso medicinal: CBD liberado, produtos disponíveis nas farmácias.
Uso adulto: descriminalizado.
Cânhamo: cultivo legalizado, mas com licenças autorizadas.
Espanha
Uso medicinal: regulamentado, mediante prescrição médica.
Uso adulto: descriminalizado, clubes canábicos e auto cultivo são permitidos, mas posse e consumo na rua são proibidos.
Cânhamo: cultivo legalizado para fins industriais.
Portugal
Uso medicinal: legalizado, com medicamentos e até flores secas disponíveis nas farmácias.
Uso adulto: descriminalizado, sendo pioneiro nesse âmbito.
Cânhamo: cultivo regulamentado para fins industriais, como para obtenção de fibras, sementes etc.
Holanda
Uso medicinal: cultivo e comercialização permitidos, produtos disponíveis nas farmácias desde 2003.
Uso adulto: descriminalizado, clubes canábicos são permitidos e atraem milhares de turistas todos os anos.
Cânhamo: cultivo regulamentado, com limite de THC de 0,5%.
Por que o uso de maconha medicinal poderia ajudar atletas de futebol?
O uso medicinal de cannabis pode ajudar atletas de diversas formas. Isso porque os profissionais do esporte, como os de futebol, estão sujeitos a diferentes lesões e também questões de saúde mental, as quais podem não só prejudicar a performance nas atividades físicas como o dia a dia.
Para praticantes de esportes de alto rendimento, a cannabis pode ser capaz de quebrar um ciclo vicioso causado pelo uso constante de medicamentos alopáticos, os quais são consumidos com frequência por esse grupo já que convivem com consequências de lesões causadas por diversos fatores na atividade esportiva. No entanto, esses produtos costumam interromper por completo a inflamação do corpo, processo importante para a recuperação muscular, além de causarem dependência química por conta de seus fortes efeitos imediatos.
Além disso, as lesões também causam dores, que podem ser amenizadas pelo uso do CBD e outros fitocanabinoides da cannabis. Os atletas profissionais também sofrem com ansiedade e insônia por conta dos treinamentos noturnos, da pressão antes de competições, entre outros fatores, e essas condições médicas também podem ser tratadas pelo consumo medicinal da planta por conta de suas altas propriedades ansiolíticas e relaxantes. A imunidade dos atletas também cai devido a esses problemas, e a cannabis também é capaz de proteger o sistema imunológico.
Outras questões que acometem os atletas profissionais são as síndromes de overreaching e overtraining, consequências comuns entre atletas de alto rendimento. O primeiro é causado por treinamento excessivo e tempo insuficiente de recuperação depois da atividade física, levando a um estado de baixo desempenho e fadiga crônica. Já o segundo é resultado de um mal planejamento do treinamento, tornando-o excessivo em um curto período de tempo, acarretando alterações emocionais, hormonais, imunológicas etc. Ambas essas condições podem ser beneficiadas pelas propriedades terapêuticas da planta.
Muitos atletas de alto rendimento já fazem uso medicinal da cannabis, bem como são patrocinados ou apoiados por empresas do ramo. Alguns, inclusive, já lançaram marcas de derivados da planta, como o skatista Bob Burnquist e o lutador de boxe Mike Tyson.
Quais instituições do esporte já permitem o uso de cannabis medicinal?
Nos últimos anos, com o avanço da regulamentação da cannabis em diferentes países, bem como o desenvolvimento de novos estudos científicos em relação aos benefícios da planta, algumas instituições do esporte também atualizaram suas regras em relação ao consumo da maconha, principalmente em torno do seu uso medicinal.
Desde 2018, o CBD deixou de ser parte da lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês). Ainda, ligas internacionais como a NBA, MLB e UFC também mudaram suas normas sobre o consumo de derivados da planta. Mas a maior mudança veio em 2021: pela primeira vez, ocorreu uma Olimpíada em que as punições para drogas chamadas de “sociais” (cannabis, cocaína, heroína e ecstasy) foram suavizadas e o uso de CBD deixou de ser considerado doping.
Depois dessas mudanças, as ligas internacionais também passaram a enxergar o mercado da cannabis como uma oportunidade. Muitas realizaram parcerias com empresas de maconha, como, por exemplo, o UFC, que apoiou a Aurora Cannabis Inc, uma das maiores companhias da indústria, para realizar pesquisas sobre o CBD e incorporar produtos de sua marca esportiva.
No caso da Fifa, instituição responsável pela Copa do Mundo, ainda são seguidas as regras da WADA – o uso de CBD é permitido, mas o THC estritamente proibido. No entanto, os problemas da Copa do Mundo de 2022 são referentes ao país-sede, o Catar, no qual existem normas rígidas em relação a drogas e substâncias medicamentosas, incluindo a cannabis e seus derivados. Por isso, é muito importante que atletas e turistas se atentem às leis locais e não consumam ou possuam cannabis e seus derivados.