Por Cannabis & Saúde em 31/08/2022
Como sabemos, a COVID-19 surgiu em 2020 e a pandemia ainda causa alguns impactos significativos em nossas vidas. Dentre eles, o fenômeno da Covid longa. Além das vidas que já foram perdidas e o impacto na economia, questões decorrentes da doença ainda assustam pacientes e médicos, que tentam entender sobre quais são de fato as consequências da doença em nosso corpo.
Sintomas que são persistentes mesmo depois de vários meses da infecção da doença acontecem em alguns pacientes. Outros sentem diminuição das funções cardíacas e pulmonares e outros tipos de sequela da Covid.
A isso, dá-se o nome de Covid longa, que é quando há algum tipo de manifestação tardia ou persistente decorrente da infecção pelo coronavírus. Nesse sentido, inclui-se também as sequelas mais graves como as que citamos anteriormente. A Covid longa representa ainda um desafio tanto para os médicos quanto para os pesquisadores, que buscam soluções eficazes em seu combate.
Algumas pesquisas estão atrás de fármacos que consigam resolver ou reduzir em um bom nível as manifestações tardias dessa forma da doença.
Uma das opções que se mostram promissoras em estudos preliminares é a Cannabis medicinal, que pode ser usada como tratamento complementar em várias doenças e condições de saúde.
O que é a covid longa?
De acordo com a OMS, a Covid Longa (também chamada de condição pós-Covid) refere-se à manifestação dos sintomas mesmo após a cura da doença. Ainda que os antígenos do coronavírus não sejam mais encontrados nos testes realizados pelo paciente, determinados sintomas surgem e podem se tornar uma incógnita de diagnóstico. Quando não há nenhum outro tipo de explicação – a não ser pela contaminação pelo Sars-Cov-2, os sintomas que surgem até 3 meses após infecção são chamados de Covid longa.
Os sintomas, inclusive, podem aparecer, sumir e voltar após alguns dias, mesmo quando o vírus não é mais detectável. Mesmo que o indivíduo não esteja mais contaminado, os sintomas persistem e com isso, a doença entra numa fase com esse novo nome (Covid longa). Muitos dos sintomas podem evoluir e trazer dificuldades para os pacientes tanto para a sua saúde quanto para a qualidade de vida.
Existe resposta para a ocorrência da covid longa?
Ainda não há um consenso científico claro sobre os motivos que fazem a Covid longa existir. Há algumas hipóteses que estão sendo estudadas para entender sua ocorrência. Abaixo estão algumas delas:
- O sistema imunológico se sobrecarrega durante a infecção do Sars-Cov-2 e ataca órgãos e tecidos mesmo após ter controlado a contaminação;
- Restos e fragmentos do vírus ficam adormecidos no organismo da pessoa e podem ser reativados depois de algum tempo;
- São processos naturais do sistema imunológico do corpo humano. Após um período longo de estresse em que ele combate a doença, ele trabalhará de forma menos efetiva e, por isso, sente mais outros tipos de infecções.
Como sabemos, os processos científicos devem seguir ritos e diretrizes específicas com o método científico. Isso faz com que certas respostas demorem a chegar (do ponto de vista leigo), mas ao mesmo tempo evita conclusões erradas e equivocadas.
Nos próximos anos, é provável que já tenhamos respostas mais acuradas a respeito do que faz a Covid longa ser mais prevalente em determinados grupos e o porquê dela acontecer.
Quais são os sintomas da covid longa?
A Covid-19 tem muitos sintomas comuns. No entanto, a Covid longa pode apresentar sintomas diferentes de acordo com o nível de saúde e especificidades dos pacientes.
Alguns pacientes têm condições preexistentes como problemas respiratórios, neurológicos e cardíacos. Isso pode favorecer o aparecimento de sintomas nesses sistemas e órgãos mais facilmente que em outros pacientes.
Os sintomas da Covid longa mais comuns são de ordens:
- Respiratórias;
- Circulatórias;
- Neurológicas;
- Psicológicas;
- Motores;
- De funcionamento dos órgãos;
- Nas vias aéreas;
- Cardíacas.
No próximo tópico, você poderá ler detalhes sobre como a Covid longa pode impactar cada um desses órgãos e sistemas.
Sintomas respiratórios
Uma das principais características e sintomas causados pelo Covid-19 é exatamente o comprometimento pulmonar e os sintomas respiratórios. Nesse sentido, os pacientes podem sentir sintomas como falta de ar, tosse excessiva e contínua e dor no peito.
De acordo com especialistas do King’s College de Londres, os sintomas respiratórios são responsáveis pela maior parte dos quadros de Covid longa.
Sintomas do sistema circulatório
Outro ponto de atenção para os sintomas da Covid longa é o sistema circulatório. Alguns sintomas como a fadiga severa pode estar relacionada a disfunções desse sistema, trazendo prejuízos ao fluxo de oxigênio para o corpo da pessoa.
Dessa forma, as capacidades aeróbicas dela ficam prejudicadas, trazendo prejuízos em vários momentos que envolvem a prática de exercícios físicos, levantamento de pesos em seu dia-a-dia e até mesmo atividades simples como subir poucos lances de escada. Os danos ao sistema circulatório causados pela Covid-19 também podem estar relacionados a uma inflamação crônica nas fibras nervosas.
Essas fibras são responsáveis por fazer o controle da circulação e quando danificadas, podem agir como uma barreira para o fluxo sanguíneo.
Sintomas neurológicos
De acordo com um estudo publicado na Revista The Lancet, mais de 30% dos pacientes recuperados da Covid apresentaram algum tipo de problema neurológico ou psiquiátrico nos meses posteriores à infecção pelo coronavírus.
Os problemas mais comuns são quadros de ansiedade, depressão, insônia e esquecimento. Uma revisão bibliográfica realizada pela Universidade de Manchester, situada no Reino Unido, também apontou questões sobre os sintomas neurológicos de longo prazo da Covid-19.
De acordo com essa revisão, boa parte das questões neurológicas pode estar relacionada com a resposta que o sistema imunológico dá ao nosso corpo para livrar-se da infecção. No entanto, por ser uma resposta tão robusta, o sistema imunológico acaba danificando também partes importantes e que não são invasoras.
Um exemplo disso são os vasos sanguíneos do cérebro que, ao serem danificados, podem trazer problemas neurológicos a longo prazo. Nesse sentido, é possível explicar sintomas como a fadiga/estafa mental sem causa aparente e a névoa cerebral.
A névoa cerebral é considerada o principal sintoma neurológico de Covid longa. Suas causas estão ligadas a uma inflamação do líquido cefalorraquidiano que fica ao redor do cérebro e da medula espinhal. Seus sintomas são a perda de memória, confusão mental, problemas na fala e para se concentrar.
Sintomas psicológicos
Como citamos anteriormente, sintomas psicológicos podem ocorrer em decorrência da Covid-19. Ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e até síndrome do pânico são algumas das manifestações comuns na Covid de longo prazo.
Todos esses problemas devem ser acompanhados para garantir que não sejam permanentes. A melhor forma de fazer isso é com monitoramento e atendimento psicológico. Quando necessário, o psicólogo poderá receitar medicamentos ou encaminhá-lo para outros profissionais como neurologistas e psiquiatras.
Sintomas no funcionamento motor do corpo
Dificuldades para se mexer, andar ou realizar movimentos simples e naturais à rotina do ser humano também são outro ponto de atenção como sequela da Covid longa.
Embora sejam menos comuns do que outros sintomas, há relatos de pacientes que têm a capacidade de movimentar membros ou partes do corpo, como a boca, limitadas após a manifestação da Covid-19.
A maior parte dessas dificuldades motoras não é permanente, mas ainda assim exige cuidados. Uma das formas de acelerar o processo de recuperação da forma correta é através de determinados tipos de exercícios.
O melhor profissional para isso é o fisioterapeuta, que irá propor ao paciente certos movimentos e exercícios. Assim, haverá um fortalecimento dos músculos e outras estruturas, permitindo a volta da capacidade de movimento ao estágio anterior à doença.
Sintomas no funcionamento de órgãos
Alguns órgãos podem ter o seu funcionamento prejudicado em decorrência dos sintomas da Covid de longo prazo. Entre os órgãos que mais são prejudicados estão o pulmão, o coração, o fígado e o cérebro.
Um estudo da Universidade de Oxford analisou 536 pessoas que se recuperaram da Covid-19 sem receber nenhuma dose de vacina. Dessas 536 pessoas, cerca de 59% tiveram algum tipo de comprometimento em um órgão do corpo. O que chama mais a atenção nesse dado, porém, é o fato de que boa parte desses pacientes sequer havia precisado ser hospitalizado em decorrência da Covid-19.
Dessa forma, a Covid longa pode manifestar-se de forma grave ainda que a própria doença não tenha sido tão voraz quanto poderia.
Sintomas nas vias aéreas
De certa forma, as vias aéreas são as principais responsáveis pela maior parte das infecções por Covid-19. Por esse mesmo motivo, também fazem parte dos locais infectados pela presença da forma longa da doença.
Entre os problemas que aparecem após dias e meses da recuperação da doença está o aumento da secreção de muco. Isso também traz um aumento do aprisionamento aéreo, que pode ser prejudicial até para a própria respiração.
Outras questões como espirros frequentes e excesso de catarro no nariz também são bastante comuns.
Sintomas Cardíacos
Boa parte dos estudos a respeito das sequelas de Covid-19 busca entender qual é o papel da doença no acometimento cardíaco. Um desses estudos foi publicado em uma das revistas científicas mais importantes do mundo – a Nature.
O estudo aponta que a incidência de problemas cardíacos aumenta consideravelmente em pacientes que já tiveram a Covid-19 anteriormente. Esse dado se sustenta mesmo em pacientes que não tiveram a forma grave da doença.
As doenças cardiovasculares em questão envolvem o entupimento de veias e artérias. Um dos exemplos é a angina, uma dor no peito que é ocasionada pela diminuição do fluxo sanguíneo para o coração.
Outros tipos de doenças cardíacas também ocorrem em pacientes pós-Covid, podendo levar posteriormente a quadros graves como o infarto do miocárdio.
Qual o maior risco apresentado pela covid longa?
A Covid longa traz riscos tanto de curto quanto longo prazo. Sintomas cardíacos e pulmonares devem ser averiguados imediatamente, tão logo apareçam.
Outros sintomas podem desaparecer após alguns dias ou semanas, mas também devem ser monitorados com cuidado. A Covid de longo prazo pode trazer problemas de saúde que só são resolvidos com o uso de medicamentos controlados ou cirurgias. É o caso de alguns problemas de coração ou obstrução/mau funcionamento dos sistemas do corpo humano.
Como saber se estou acometido pela Covid longa?
Não há um diagnóstico específico que determine se você está com a Covid de longo prazo ou não. No entanto, ao informar o médico que você teve a doença recentemente, isso poderá ajudar no diagnóstico.
Os diagnósticos desse tipo de manifestação da doença envolve a não existência de outros fatores contribuintes. Por isso, a Covid longa só pode ser diagnosticada por um médico, após este verificar se não há outros fatores causadores daquele problema.
Quanto tempo duram as sequelas da Covid longa?
As sequelas da Covid longa não tem prazo determinado para acabar. Algumas podem se tornar permanentes, principalmente se não houver um tratamento adequado.
Por outro lado, algumas podem desaparecer com o passar de alguns dias ou semanas, sendo esses os casos mais comuns.
É possível combater as sequelas da Covid longa?
Como você pôde ver, as sequelas da Covid são bastante variadas e por consequência, seus tratamentos são diversos também. Em todos os casos é muito importante fazer um acompanhamento dos sintomas.
Dependendo de quais sejam os sintomas sentidos por você, é possível fazer uma espécie de diário, onde você anotará o que você sentiu, qual a intensidade e por quanto tempo. Em boa parte das vezes, os sintomas menos graves da Covid longa desaparecem após alguns dias ou semanas sozinhos.
Por outro lado, há questões que precisam de auxílio e monitoramento médico – é o caso, por exemplo, de sequelas ligadas ao comprometimento pulmonar e cardíaco. Nesses casos, é importante procurar se consultar com um médico imediatamente. Não deixe de informá-lo sobre o seu quadro anterior de Covid, pois isso poderá trazer hipóteses relevantes ao seu diagnóstico.
Se você se consultar com um clínico-geral e ele tiver a necessidade de te encaminhar para um médico especialista, repasse as informações ao novo profissional que está te atendendo. Isso poderá dar um panorama melhor para ele trabalhar em cima das questões do seu problema de saúde. A maior parte das sequelas da Covid-19 pode ser tratada com o uso de medicamentos.
Possíveis benefícios das vacinas
As vacinas disponibilizadas para o tratamento da Covid-19 são benéficas para reduzir os quadros graves da doença. Isso fez com que os números da doença ficassem controlados, permitindo uma mudança drástica nos panoramas de mortalidade da doença e trouxe mais tranquilidade para a recuperação da economia.
Porém, outro ponto importante da sua utilização é com relação ao combate ou prevenção das sequelas da Covid. Uma pessoa vacinada tem menor propensão a ter não só a Covid-19 na forma grave, mas também a doença de longo prazo. De acordo com um estudo da Fiocruz, as vacinas são capazes de reduzir a incidência da covid longa em cerca de 15%.
Existe um grupo com maior propensão a desenvolver a covid longa?
Pelo fato da Covid longa por si só ser um assunto discutido há pouco tempo, não há evidências suficientes sobre grupos de risco. No entanto, pessoas que já tenham problemas pré-existentes nos órgãos afetados pela Covid longa podem sofrer mais facilmente os efeitos da doença.
Um exemplo disso são pessoas que já tiveram problemas cardíacos antes de serem infectados. Como você já leu neste artigo, o sistema circulatório e o sistema cardíaco podem ser impactados pela Covid de longo prazo.
Quando isso acontece, pode haver um comprometimento de algumas estruturas, levando a uma maior propensão e gerar maior gravidade aos problemas. No entanto, isso não é sempre uma regra. Ou seja: pessoas sem problemas cardíacos diagnosticados antes da Covid também podem apresentar essa sequela (e vice-versa).
De todo modo, pesquisas adicionais sobre os grupos de risco e como a covid de longo prazo os afeta são necessários.
A Cannabis medicinal no tratamento da covid longa
Uma das mais recentes perspectivas do uso da Cannabis em tratamentos da saúde é combater os efeitos da Covid longa em pacientes. Um relato de caso importante foi publicado pela revista norte-americana Vice em fevereiro de 2022. De acordo com a publicação, um bancário britânico de 42 anos sofria há mais de um ano com consequências do pós-Covid.
Entre os sintomas sentidos por ele estavam a insônia, refluxo ácido e quadros de ataques de asma. Esses três sintomas começaram a surgir cerca de 2 meses após a contaminação pelo Coronavírus.
Posteriormente, o paciente também começou a apresentar efeitos musculares como fasciculações. As fasciculações são condições em que os músculos se contraem e estendem de forma aleatória, causando dores e dificuldades de locomoção. De acordo com o relato, houveram dias em que Andrew não conseguia sair da cama e se movimentar sozinho. Isso fez com que ele buscasse ajuda médica, muitas vezes sem sucesso.
Apenas 10 meses depois ele encontrou um tratamento que realmente fez diferença – um óleo com 5% de canabidiol (CBD) e 0,2% de Tetrahidrocanabinol (THC). De acordo com ele, os efeitos foram imediatos passou cerca de um ano enfrentando. Além disso, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA aponta que um em cada cinco adultos que se recuperaram de uma infecção pelo novo coronavírus experimentou pelo menos uma condição médica relacionada à Covid Longa.
A COVID longa, também definida como síndrome pós-COVID-19, é um resultado comum após a infecção pelo vírus SARS-COV-2. A condição é caracterizada por uma infinidade de sintomas como fadiga contínua, dores de cabeça, falta de ar, fraqueza muscular, Inflamação em todo o corpo, inchaços, danos nos rins, déficit de concentração/memória/cognitivo, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão, anormalidades do sono e afins.
Embora sua causa e mecanismos ainda não sejam completamente compreendidos, as hipóteses atuais favorecem uma natureza imunopatológica levando a uma síndrome multi-inflamatória e multiorgânica que pode persistir por meses ou até anos.
O canabidiol (CBD) é uma substância que atravessa facilmente também a barreira hematoencefálica intacta, tem propriedades anti-inflamatórias e demonstrou efeitos imunomoduladores em várias condições imunopatológicas. Embora as experiências humanas em COVID longa ainda estejam em andamento, o CBD parece ser uma substância promissora no tratamento dos sintomas.
Benefícios da Cannabis medicinal no tratamento da covid longa
Segundo a Dra. Maria Teresa Rolim Jalbut Jacob, médica especialista em dor com o uso da Cannabis Medicinal e colunista do Portal Cannabis & Saúde, os fitocanabinoides presentes na Cannabis ajudam a restabelecer o equilíbrio fisiológico do organismo, controlando os sintomas da covid longa.
Isso acontece porque o sistema endocanabinoide está envolvido na modulação do sistema imune e, assim, no equilíbrio fisiológico do organismo como um todo.
No pós-covid, o que se observa, segundo a Dra. Jacob, é uma alteração em diversos órgãos do corpo – e, portanto, em diferentes sistemas do organismo. Nesse caso, o sistema endocanabinoide não é tão eficiente em evitar os sintomas da covid longa.
E de fato: como comentado acima, os sintomas são os mais diversos. Podem variar desde problemas respiratórios, como falta de ar, até problemas neurológicos, como confusão, ansiedade e depressão.
Dessa forma, espera-se que a(s) substância(s) escolhidas para tratar tais sintomas seja versátil, já que deve alcançar várias partes do corpo simultaneamente. As substâncias canabinoides já são conhecidas por agirem no cérebro e, assim, são capazes de controlar diversas condições, que vão da ansiedade ao mal de Parkinson.
Mas será que eles também podem ajudar nos sintomas físicos da covid longa? No próximo tópico, mostramos alguns estudos que demonstram o potencial terapêutico dos canabinoides no tratamento da covid longa.
Estudos referentes ao uso da Cannabis medicinal no tratamento da covid longa
Em paralelo a distúrbios respiratórios, alterações neurológicas fazem parte da síndrome conhecida como covid longa. Nela, é comum aparecerem sintomas como confusão mental e delírio.
Falando um pouco mais tecnicamente, há a degradação da bainha de mielina, uma espécie de “capa protetora” de lipídeos que protege os neurônios. Essa deterioração é observada de forma similar em pacientes de esclerose múltipla, por exemplo.
Um estudo publicado na Journal Of Biomolecular Structure And Dynamics em 2021 sugere que dois compostos presentes na Cannabis, a canabivarina e o canabidiol, possuem potencial terapêutico para tratar complicações neurais pós-covid – ao menos em estudos moleculares.
Uma outra complicação presente na covid longa são as sequelas da “tempestade de citocinas” que a infecção por coronavírus causa.
As citocinas são moléculas que regulam a atividade imunológica; na prática, elas “chamam” células inflamatórias para o local da infecção, para que elas possam combater o microrganismo invasor.
No entanto, o excesso de citocinas, e portanto, de células inflamatórias causa muitos danos ao tecido pulmonar do hospedeiro. Isso pode levar à falência do pulmão e, assim, à morte do paciente. Dessa forma, substâncias capazes de controlar a liberação de citocinas poderiam auxiliar no tratamento da covid longa, por diminuírem os danos causados pela resposta imune excessiva.
Um estudo in vitro, publicado em 2021 pela revista Phytotherapy Research, apontou que o canabidiol é capaz de inibir a citotoxicidade – em outras palavras, a morte celular – e a inflamação induzidas pela proteína spike do coronavirus.
Por fim, um estudo publicado em 2020 pela Journal of Cellular and Molecular Medicine demonstrou o mecanismo por trás da ação do canabidiol contra a tal “tempestade de citocinas”.
Utilizando camundongos, os pesquisadores descobriram que essa substância aumenta os níveis de uma pequena proteína chamada apelina, que é capaz de reduzir a resposta inflamatória e, portanto, diminuir os danos no pulmão.
Conclusão
Como você pôde ver, ao longo desse artigo detalhamos quais são alguns dos principais sintomas da Covid de longo prazo. Muitas vezes esses sintomas podem se resolver sozinhos em questão de dias ou de semanas. Por outro lado, há também sequelas permanentes, que devem receber maior atenção tanto por parte das pessoas quanto dos médicos que as tratam.
As vacinas contra a Covid-19 reduzem a chance desses eventos ocorrerem, embora os resultados de pesquisas a respeito disso sejam tímidos – cerca de 15% de redução.
Algumas doenças ou sintomas podem ser aliviadas com o uso de medicamentos. A Cannabis medicinal desponta como uma ferramenta para isso no tratamento de transtornos mentais, dores crônicas e doenças autoimunes, por exemplo.
Estudos ainda estão em fases iniciais, mas há indícios relevantes e animadores nesse aspecto. Caso você tenha algum desses sintomas procure orientação médica.
Publicação original: https://www.cannabisesaude.com.br/covid-longa/